Nunca se falou tanto da necessidade de se imporem limites. Parece que a sociedade carece de regras e de leis e não do seu cumprimento efetivo. A construção dos padrões desejados de comportamento, de hábitos e de atitudes é um processo complexo que vai se constituindo ao longo da vida e depende da ação conjunta de todos: creche, responsáveis e comunidade de que são parte.
Exercer autoridade legítima sobre a criança não pode se confundir com uma imposição autoritária e sem diálogo da vontade do adulto, o que se chama autoritarismo. O adulto representa e exerce uma autoridade necessária quando dá o seu exemplo, quando age com lógica, com coerência e com afeto, sempre se dispondo a explicar, se necessário com fi rmeza, os motivos pelos quais está impedindo ou negando algo.
O autoritarismo, que desencadeia tantos comportamentos infantis, como o medo, a ocultação dos fatos, a negação e a mentira, acontece sempre que o adulto proíbe sem explicar as razões; sempre que humilha as crianças com palavras; toda vez que perde o controle, que grita, chegando a bater para conseguir o que quer. Uma outra manifestação de autoritarismo se dá por meio da “barganha afetiva”, quando o adulto faz chantagem e ameaça, por exemplo, não gostar mais da criança se ela não corresponder ao desejado.
O ato de educar não se justifica a partir de uma lista imensa de castigos, de proibições sem entendimento, de ausências e de silêncios. Educar signifi ca estabelecer, refl etir e entender um sistema de regras e de limites que favorecem a vida em grupos, sedimentada em relação de adultos com crianças baseada no respeito e não no medo. A compreensão exigida para a construção gradativa de limites acontece no convívio diário.