Estudo 3 - Convivendo com as diferenças

ESTUDO 3 – CONVIVENDO COM AS DIFERENÇAS


A dificuldade de aceitar e trabalhar as diferenças na escola pode ter suas raízes no fato de que a sua organização não foi estruturada para atender a todos os setores da sociedade.

Ao pensar na questão da diversidade na escola já estão combinadas três instâncias: social, étnico e gênero. Hoje essas diferenças continuam a rodear as salas de aula, apesar de todo um histórico de experiências para tornar a escola mais democrática.

A cultura escolar, que estabeleceu a unificação de regras, atitudes e conteúdos programáticos para os diferentes tipos de alunos, serviu aquele período de construção nacional, quando as sociedades começavam a adotar a proposta de garantir a igualdade de oportunidades e, através da escola, promover a mobilidade social.

Mas será que um sistema que estabelecia parâmetros a serem seguidos, conteúdos a serem seguidos, conteúdos entendidos como ideais e um grupo hermético de habilidades, atitudes, regras e valores tidos como adequados não estaria menosprezando outros tipos de habilidades ou valores? Além disso, será que essa escola, ao receber alunos de etnias, classes e outras tantas diversidades presentes na sociedade estaria alcançando e sensibilizando a todos de maneira igual? Do mesmo modo que as práticas pedagógicas costumam ser homogeneizadoras e excludentes, o professor também pode aumentar o abismo entre alunos com maior ou menor facilidade de aprendizado formal. Isto se deve ao julgamento, muitas das vezes, preconceituosos dos docentes em relação aos estudantes.

Quando um professor faz uso de estereótipos como “bom aluno”, “esforçado”, “desinteressado”, ele já está agregando valores a determinado tipo de aluno e possivelmente sua afinidade com alguns dele pede maior ou menor atenção.

A tendência de separar bons de maus alunos incorre com um outro problema muito frequente nos bancos escolares. Os professores acabam interagindo melhor com os alunos que se interessam por suas aulas, cumprem as tarefas propostas, respondem as perguntas, tiram dúvidas. Aqueles que por algum motivo ficam dispersos tumultuam as aulas ou não interiorizam os conteúdos na forma e tempo desejados pelos docentes acabam sendo postos em segundo lugar. A motivação do professor pelo aluno com mais facilidade de aprendizagem ou mais interesses teria a ver com a comunicação estabelecida entre o professor e a classe.

Talvez a solução para lidar com as diferenças na escola seja que a formação do professor não seja somente de conteúdos específicos, mas se estenda para outra matriz do conhecimento que abranja ética, antropologia e filosofia. Disciplinas que certamente servirão de reflexão sobre novas concepções de vida, de mundo, de homem. Acredita-se assim ser possível valorizar o outro e compreender diferenças culturais de uma maneira menos etnocêntrica.

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