Brinquedos, que não representam um desafio a quem os manipula, são logo postos de lado e prontamente substituídos por outros que a mídia se empenha em vender.
Acredito que não apenas a cultura implícita nos brinquedos e brincadeiras tradicionais, para não se perderem, terão que ser resgatados pela escola e pela família, como a capacidade imaginativa e criadora de crianças cujos únicos brinquedos são os industrializados pode ficar aquém de suas reais potencialidades.
O resgate de brinquedos e brincadeiras tradicionais, sua produção e as possibilidades de exploração por eles oferecidas devem ser objetivos de toda escola, pois além de fazerem parte da cultura da infância, podem estimular a criatividade, a coordenação motora, a imaginação, a percepção visual, auditiva e tátil e a concentração.
A interação e a socialização entre as crianças é especialmente estimulada nas situações de uso dos brinquedos, nas negociações para a construção dos brinquedos, na troca de idéias entre as crianças e com os adultos e na própria fabricação dos brinquedos pelas crianças.
O conhecimento desses brinquedos tradicionais, como pião, pipa, carrinho de rolimã, vai-vem, bilboquê e outros tantos, além de trazer elementos de cultura, permite um amplo trabalho de aquisição de vocabulário verbal e corporal, na medida em que o contato com estes brinquedos e brincadeiras, a compreensão de suas características, a aquisição das regras e a habilidade de ensinar seu uso permitem às crianças inúmeras oportunidades de se expressarem.
O envolvimento das crianças na pesquisa de brinquedos, seja através da observação dos brinquedos que têm em casa, de conversas com os pais sobre os brinquedos de que gostavam em sua infância ou de visitas a espaços como brinquedotecas, é muito produtivo, considerando que este é um tema altamente significativo e mobilizador para as crianças, pois não apenas fazem parte de sua realidade como são os meios mais adequados para aprender prazerosamente.
Creio que fica evidente, para pais e professores, a importância de valorizar as brincadeiras e brinquedos tradicionais da infância com suas crianças, dando-lhes o tempo, o espaço e a oportunidade de brincarem, de serem crianças e de viverem uma infância que merecerá ser lembrada no futuro como feliz e repleta de brincadeiras. Se os próprios adultos puderem lembrar e reviver suas experiências de infância com seus filhos e alunos, ainda melhor. Se não tiveram esta vivência, eis uma oportunidade nova de brincar...
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